domingo, 10 de fevereiro de 2008

Lembranças do almoxarifado - parte 2

Já faz dezessete meses que estou trabalhando aqui no almoxarifado agrícola. No início, encontrei certa dificuldade para entender como o setor funciona e, por conseguinte, não sabia quais são conseqüências de um erro meu sobre o trabalho dos outros colegas aqui do setor. Basicamente, o almoxarifado é dividido em quatro partes: o setor de pedidos, o setor de recebimento, o balcão de atendimento e o armazém de adubos e insumos agrícolas. Caio, José Luís, Danilo e eu trabalhamos no balcão de atendimento. O Jaime e o André trabalham no recebimento de mercadorias, ao passo que o Edvaldo e o Miguel trabalham nos setores de pedidos e no barracão de insumos, respectivamente. As mercadorias que chegam ao almoxarifado ficam de “quarentena” no setor de recebimento e, após serem conferidas pelo Jaime e pelo André, seguem para as prateleiras do estoque. Cada uma das prateleiras recebe uma letra e cada um de seus “vãos” recebe um número, ao que chamamos de “locação”. As prateleiras são, em sua maioria, feitas de madeira, sendo geralmente pintadas com tinta verde escuro. Somente algumas delas são de metal. As mercadorias armazenadas nas prateleiras de metal geralmente são “miudezas”, ou seja, de tamanho reduzido. Para facilitar a vida dos que trabalham no balcão, cada uma das prateleiras armazena um tipo específico de mercadoria. Por exemplo: na prateleira A estão os retentores; e na C estão os rolamentos. Os balconistas (entre os quais eu me incluo) recebem a requisição de material e entregam o requisitado àqueles que a portam, desde que a mesma esteja devidamente assinada pelo responsável do setor. Quando a mercadoria requisitada não está disponível e há uma certa urgência, nós a assinalamos com um carimbo de “não atendido” passamos a requisição para o Edvaldo, que lhe dá preferência sobre os pedidos normais do estoque. Apesar de já estar bem familiarizado com o serviço e já conhecer boa parte das peças do estoque, às vezes acontecem algumas ocasiões engraçadas. Eis que o mecânico “Indinho” solicita em sua requisição uma peça chamada “quebra galho do afogador”. Desconhecendo esta peça e achando que estava sendo ironizado, procuro o cadastro desta peça no nosso cadastro. No entanto, não encontro nada parecido com este nome. Recorro, então, ao Caio. A experiência deste matuto tem me salvado muitas vezes de situações embaraçosas. Sim, ele é o mais velho do setor, tanto em idade como em tempo de almoxarifado. Mostro a requisição a ele, que rapidamente segue para prateleira M. Em poucos minutos ele retorna com a tal peça e a sua respectiva fichinha, para eu dar a baixa no estoque. Vejo o nome verdadeiro da peça e, inevitavelmente, começo a rir. Afinal, "limitador do afogador" não tem nada a ver com "quebra-galho do afogador". Complicado? Bem, nem tanto. Difícil mesmo é adivinhar que “junta da igrejinha” chama-se “junta da tampa do mancal traseiro do motor”...

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